Instalações

Conheça abaixo a instalação criada recentemente:

 

Contrastes (díptico). Instalação com dois objetos tridimensionais. Técnica mista, com acrílica dimensional 3D e barras de acrílico, 2017.

Esta instalação foi exibida na Exposição Flags of Arts durante a Bienal de Veneza. Clique para saber mais.

 

Texto Crítico

Patrícia Lopes é uma artista contemporânea e, como tal, cria sua arte a partir de alguns pressupostos tais como a dissolução da narrativa, a fragmentação, a transversalidade, o hibridismo, a apropriação, a interação. Apesar de ter trabalhado com formas puras de arte tais como o desenho e a gravura, seu fazer artístico nos últimos anos tem se afirmado sobretudo no campo das técnicas mistas, que prevalecem na esfera do contemporâneo. Patrícia tem demonstrado interesse pela criação de séries tais como “Africa”, “Tempo”, “Vitória”, “Momentos, “Janelas da alma”, “Contrastes” por ser um recurso que lhe permite desenvolver seu discurso plástico de forma mais abrangente e o faz mediante a utilização de múltiplos procedimentos e com utilização de materiais diversos tais como chapa acrílica, os pigmentos, as folhas de ouro e prata, a cera e outros.

Um destes procedimentos é a utilização de imagens produzidas ou retiradas de publicações as quais passam por interferências digitais ou de natureza fotográfica tal como a ampliação, que as desfocam transformando-as num campo de retículas. Outro é a utilização em seus trabalhos de letras, deslocadas de sua função original de formar palavras, mas integradas à obra pelo seu próprio desenho, dentro do espírito com o qual foi empregado, a partir dos anos 80, por Mira Schendel, que as impregnava de um mistério e uma poética particulares.

As imagens “contaminadas” passam ainda por outros estágios figurais, assumem cores outras e ganham texturas novas num processo de metamorfose que leva a uma outra realidade, a da obra de arte independente e autônoma. Os elementos são resignificados e o conjunto, tangível, às vezes manipulável, ganha uma dimensão além do visível.

Patrícia Lopes prossegue no seu trabalho de construção de uma obra que tenha, ao mesmo tempo, sua marca pessoal e remeta o espectador ao exercício da reflexão ou à postura de coautor, mediante a interação com ela.

 
Enock Sacramento, Agosto de 2017

Enock Sacramento é membro das Associações Paulista, Brasileira e Internacional de Críticos de Arte. Participou de 150 júris de salões de arte, curou mais de 200 exposições no Brasil, América Latina, Estados Unidos e Europa, prefaciou cerca de 250 catálogos de exposições de arte, publicou numerosos artigos na imprensa e 34 livros sobre arte e artistas brasileiros, entre eles “30 Contemporâneos Brasileiros”. Em 2011, a ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte, mediante eleição nacional, lhe conferiu o Prêmio Mário de Andrade, por sua trajetória de crítico e curador de arte e, em 2016, o Prêmio Gonzaga Duque, pelo conjunto do trabalho desenvolvido em 2015. É curador da Fundação José e Paulina Nemirovsky, São Paulo.